sábado, 1 de dezembro de 2007

TRATADO DE PAIXÃO!

Não há nada melhor do que estar apaixonado. Nem pior! Primeiro estranha-se. Depois, entranha-se. A paixão dá para tudo. Para rir e chorar, fazer confidências, namorar ao luar a beber coca cola de lata e sentir-se mais feliz do que se se estivesse no quarto 611 do Hotel Ibis a beber vinho do porto. Estar apaixonado é um estado de graça e de desgraça. Tira o sono e dá speed. Rouba a fome e mata a sede. Perde-se a noção do tempo, espaço, até do ridículo. Ganha-se força, vontade, desejo e anos de vida. Estar apaixonado é investir uma fortuna que demorou anos a amealhar num negócio de alto risco. E ainda por cima fazê-lo conscientemente. Porque a paixão é melhor do que qualquer bebida, droga ou paraíso terrestre. Uma pessoa apaixonada vai onde quer porque passa de repente a desconhecer os seus limites. Vê-se, sem perceber bem como, a fazer coisas impensáveis como escrever um grafite no prédio em frente à casa do namorado, AMO-TE Ó NUNO ALMEIDA! O Nuno Almeida cora, mas adora. E suspira, suspira muito porque quem está apaixonado vive a suspirar. Mas a paixão também tem o seu reverso. Uma pessoa fica diminuída. Moída. Distraída. Torna as pessoas inteligentes em, seres simples, e os seres simples em criaturas acéfalas. Faz pessimamente à saúde. Provoca insónias, suores frios, falta de apetite, obsessão por chocolates, tonturas, olheiras, borbulhas. Faz subir a tensão e provoca taquicardia. Às vezes, até faz o cabelo ficar oleoso, mas só em casos de extrema gravidade. E há que, sofra muito. Quem se queixe por se sentir reduzido a nada, estafado com tanta adrenalina. quem chore por estar tão feliz. Quem alimente a ansiedade e telefone 50 vezes numa manhã para o seu mais que tudo, que por acaso está a apresentar novos métodos e técnicas de vendas na empresa depois de ter sido promovido. Assim ficam os apaixonados. Poéticos, extasiados, anestesiados, prostrados, ou para quem está de fora, aparvalhados. Estar apaixonado dá um trabalhão. Cansa e não dá descanso. Mata-se e esfola-se por um nada de nada. Estar apaixonado é como partir à procura de um tesouro, qual Indiana Jones, mas sem pistola nem chicote. Não só ficamos completamente desarmados como nos tornamos em seres indefesos. Ficamos à mercê do mundo e, pior ainda, de nós próprios. É preciso viver a paixão até ao fim, mesmo que seja amanhã, porque o que conta é o que se sente aqui e agora. A paixão faz-nos sentir prisioneiros e livres ao mesmo tempo. E não há melhor do que saber que se tem asas e preferir não voar, só para ficar no ninho e esperar que um dia um ovo choque e dele nasça o fruto da paixão.