quinta-feira, 1 de maio de 2008

O GRANDE EQUIVOCO!

Estou de luto. A razão é simples. Festeja-se o vestusto 1º de Maio, o Dia do Trabalhador que inexplicavelmente ainda não foi objecto de reclamação por parte das senhoras do Movimento da Condição Feminina para passar a Dia do Trabalhador/Trabalhadora. Deve ser porque as mulheres after all these years afinal devem ter chegado á conclusão que a ocasião não é afinal lá muito festiva. Está certo, ganhámos imenso desde o tempo de Salazar. Ganhámos estatuto, direitos, respeito, independência, voz e corpo. Mas perdemos imensas coisas, entre elas tempo para nós próprias. O tempo tornou-se o bem mais escasso para as mulheres. Antigamente bordava-se, lia-se, aprendia-se a ser boa dona de casa, estudava-se piano e restauro e tinha-se tempo para arranjar o cabelo, fazer limpezas de pele, limar as unhas, experimentar roupa e sonhar. Agora, é uma lufa-lufa pegada. Cada dia anuncia-se violenta e implacavelmente com o intruso e inoportuno trrriiim do despertador que nos arranca dos braços do Morfeu sem dó nem piedade e nos obriga a um dia em cheio. Cheio de trabalho e mais trabalho e ainda faltam as tarefas domésticas....
Uf, que grande estafa e, ainda são só dez da noite!
Não há dinheiro nem sucesso que pague esta triste vida, pela simples razão que não sobra tempo para a gozar.
Mas isto ainda não é o pior! Eles esperam que nós sejamos perfeitas e não se contentam com menos. E como o trabalho de casa que t~em diariamente resume-se a acertar com o nó da gravata e o cinto com os sapatos, não fazem a menor ideia do trabalho que dá ser mulher. Já não se pode estar de rolos na cabeça nem com máscara de pepino na cara. Nestas coisas os homens não são nada compreensivos. Não aceitam os nossos estados transitórios de larva, só querem ver a borboleta.
Não me venham dizer que as mulheres que trabalham menos são menos felizes. Eu vejo-as sempre estupendas. Claro que não se deve viver no outro extremo, o de não fazer nada de nada. Eça de Queiróz sabia o que dizia quando afirmou que o ócio é a mais absorvente das tarefas e só Deus sabe a qauntidade de coisas que uma mulher desocupada é capaz de fazer. Mas também trabalhar tanto dentro e fora de casa, também é demais.
Este é o Grande equivoco do nosso século. Meteram-nos na cabeça que devemos ser independentes, ter muito sucesso e ganhar muito dinheiro, mas esqueceram-se que antes de tudo temos de ter tempo para ser mulheres e adoramos sê-lo.
Ser mulher dá mesmo um trabalhão. A sério. E se acha um exagero, experimente perguntar á sua. Mas não enquanto ela estiver a pôr os pratos na máquina, pode provocar algumas baixas no serviço Vista Alegre.