terça-feira, 7 de outubro de 2008

KENS E BARBIES!!


O Ken está para a Barbie como o pão está para a manteiga: foram feitos um para o outro. A Barbie é fútil, vazia, irritante, pirosa, peneirenta. O Ken é paspalhão, cabotino, caramelo, convencido, embora não convença ninguém, sempre vai dando a volta á Barbie.
O país por excelência dos Kens e das Barbies é a América. Não há série televisiva, por mais ranhosa que seja, que não tenha uma loira patriótica e bem nutrida, de lábios generosos e decotes filantrópicos, a qual é irremediavelmente salva por um jovem garboso e bem parecido, de cabelos ondulados e olhos claros, caparro de Mohamed Aali e inteligência de cão de circo. E o nosso Portugalinho, pródigo em tudo imitar, também tem o seu pequeno mundo de Kens e Barbies. Elas muito louras e esticadas, com saias de mão-travessa e eles de blazers de botões dourados, lenços de lapela, sapatos de berloques e charutos em dias de festa.
Os Kens nacionais são aqueles que vão á Kapital, passam horas a penteaar-se nas casas de banho, que não se importam de passar fome para ter o ultimo modelo do BMW com o mais pequenos e portátil dos portáteis. Estes pequenos homens descobriram que, sendo Kens, o mundo cairia com mais facilidade aos seus pés, mas o mundo deles reduz-se ao universo das Barbies.
Os nossos Kens até podem ter charme, mas é o charme ribatejano que se civilizou há uma ou duas gerações. A educação até pode ser esmerada, mas os palavrões estão lá, para o que der e vier. E até podem ser bem parecidos e ter boa figura, mas engordam e embarrigam com excessiva facilidade.
O grande problema é que Portugal está cada vez mais cheio de Kens, enquanto as Barbies vão desaparecendo aos poucos. As mulheres já perceberam que não vale a pena serem bonecas e empastarem a cara de cremes, que mais vale dormir muito e fazer ginástica. Mas é exactamente quando as portuguesas estão a descontrair-se que os portugas se estão a apirosar, ou pior ainda a amaricar, com cremes exfoliantes, pijamas de seda, perfumes fortes e gravatas floridas.
Os Kens de Portugal estão a desvirtuar o português de gema, que fazia a barba sem espuma e se lavava com sabão azul, andava a cavalo o dia todo e só tirava as botas para dormir. Ainda bem que a civilização chegou aos homens, mas não convém abusar. Até porque as Barbies, que passam metade do dia a arranjarem-se para estarem impecáveis a outra metade, não aguentam durante muito tempo ao seu lado uma criatura tão enfadonha e desinteressante como elas.

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