domingo, 15 de junho de 2008

FINAIS MAIS OU MENOS FELIZES


Detesto finais. Quando acaba um filme, não me apetece sair da sala de cinema. Fico ali sentada, no escuro-claro do genérico final, alheia ao frenesim das pessoas que fazem autênticas gincanas para ver quem é que sai da sala mais depressa. Eu, pelo contrario, queria ficar colada a cadeira. Não me apetece enfrentar a bicha do parque e procurar noedas no fundo da carteira. Só saio quando as cortinas se fecham. Afeicoo-me às personagens e ponho-me a imaginar como é que continua a vida delas depois de saírem da tela.
Com os livros ainda é pior. Demoro sempre mais tempo a ler as últimas páginas, só para não chegar ao fim. Às vezes interrompo a leitura e volto a guardá-los na estante, só para não lhes desvendar o ultimo parágrafo. Outras vezes abro uma página ao calhas e começo a ler outra vez dali para fazer render o peixe. E quando chego ao fim, só estou contente se tenho ao lado uma pilha de livros ainda por ler. Fiquei traumatizada com os finais felizes dos contos de fadas: "E depois casaram, tiveram muitos filhos e foram felizes para sempre". Imagino logo a Bela Adormecida já entradota, a fazer casaquinhos de tricot, a mandar calar a filharada enquanto espera o regresso do principe, já miope e um pouco curvado, que foi trocar de cavalo ou comprar póneis para os descendentes.
O melhor das coisas é não lhes conhecer o fim. Acordar e não saber como vai ser o dia, adormecer e nem sonhar com quem se vai sonhar. Partir sozinha num fim de semana e encontrar companhia. Ficar em casa à noite e ouvir a campainha tocar. Deixar-me ir na vida, viver e deixar viver sem as grandes opções do plano. Não é tão fácil como entregar a existência a um esquema de vida cheio de programas e obrigações, mas é muito mais agradável, porque a vida está sempre á espreita, é só dar-lhe tempo e espaço.
Por isso é que os finais são horriveis. Fica o ar vazio, deixamos de ver ao longe, de repente apagam-se as luzes e a vida fecha-se aos nossos olhos. Depois do fim, vem a pergunta fatal E Agora? Mas o pior são as despedidas. É sempre horrivel dizer adeus, mesmo que seja só até logo à noite.
Não, não gosto de dizer adeus nem de ver o fim a nada, sobretudo se não lhe vi o principio. Prefiro dizer até um dia destes, mesmo que esse dia demore anos. Ou então, afastar-me sem uma palavra, e deixar no ar o mistério d não saber quando, como e porque é que nos voltamos a encontrar. Assim não sou eu que ponho fim ás coisas, mas as coisas que um dia acabarão, ou não, por si.

2 comentários:

ritinha disse...

Tens uma certa razão :$
e tu como tás minha querida?
beijinho grande *

Sorrisos em Alta disse...

Estavas tão convicta da coisa que aposto que foi contrariada que puseste um fim no post...
;o)