segunda-feira, 24 de março de 2008

VAI

Vai, apanha esse avião que te leva para o outro lado do mundo, esconde-te daqueles que te amam e fecha-te na tua concha o tempo que for necessário. Vai e não olhes para trás, não te arrependas daquilo que não fizeste, escolhe um canto no mundo onde ninguém te conheça e a lingua seja dificil para que não caias na tentação de comunicar.
Leva um punhado de livros e algumas músicas eternas, papel e envelopes para mandar missivas a quem te apetecer, ou então uma garrafa com uma rolha bem forte para poderes atirar ao mar os teus segredos e esperar que o destino se encarregue de conduzir o curso das águas a teu favor.
Parte para longe, dá a ti próprio um número indefinido de dias de solidão e recolhimento, fecha-te nas tuas dúvidas e nos teus medos, não os mostres ao mundo porque o mundo está sempre á espera dos teus fracassos para os expiar, lembra-te daqueles que sempre te amarão onde quer que estejas, resguarda-te de todos aqueles que só te querem bem quando estás bem e te esquecem quando desapareces, parte vazio e preparado para a travessia no deserto da tua alma cansada e triste e não olhes para trás.
Escolhe um destino exótico, onde o calor te entorpeça os membros e o sol te cegue o olhar, com água tépida e salgada que te retempere o corpo e o espirito. Dorme sossegado na areia, á sombra de uma palmeira, olha as crianças que brincam á beira-mar sem imaginarem a tristeza que os espera quando aprenderem que o amor quase nunca é feliz e raramente se sente ao mesmo tempo da mesma maneira.
Dorme muito, que o sono arruma o coração e sossega os afectos, acorda devagar e goza o sabor do sol na pele, depois lê um bom livro e mergulha na dor das histórias alheias até que a tua própria dor se desvaneça sob o véu da distância e da saudade.
Leva contigo ainda uma caixa de chocolates e outra de aspirinas, a primeira para comer sempre que te lembrares de mim e a segunda para o que der e vier. E ainda uma bússola par não te perderes no regresso e sbaeres como voltar a casa. Não lamemtes a tua tristeza, mergulha nela como um peixe na água, esgota-a em lágrimas e gritos, e depois deita-a fora quando já não te servir para nada e não for mais do que um peso morto e ultrapassado na tua consciência.
Vai, vai antes que seja tarde e não tenhas coragem de partir, não te despeças de mim que eu fico por cá a ver-te partir e a rezar a um deus qualquer que voltes inteiro, reencontrado e pacificado dos teus tormentos, pronto para voltar a ver na vida tudo o que ela tem de bom e que ainda não te deu. Vai com cuidado, não tenhas pressa em regressar, demora o tempo que for preciso, guarda na memória as minhas mãos abertas, o meu apoio incondicional, o meu desejo profundo e terno que encontres o teu caminha, mesmo que eu não faça parte dele, mesmo que nunca mais te veja e que a minha vida me dê outras rotas e destinos.
Vai meu amor, vai que o amor tem que ter asas para poder voar, tem que ter portos para se abrigar, tem que ter distãncia para se saborear, tem que sentir a ausência para se poder dar. Vai com cuidado nessa tua busca de ti mesmo e nunca te esqueças que podes voltar e que cá estarei á tua espera, não sei se para te amar, mas para te poder receber com o meu coração e a minha cabeça. E quando regressares, promete-me que me trazes um presente, feito de saudades e desejo que alimente este meu coração cansado mas nunca esquecido do teu cheiro e da tua cor.






LOVE U

Sem comentários: